INFORMAÇÃO É PODER

DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Negação


Imagem retirada da Net

Este artigo da Danna Korn publicado no site celiac.com aborda o tema da negação da intolerância ao glúten naqueles que iniciam ou estão há pouco tempo na dieta. É um excelente artigo e expõe essa temática de uma forma muito clara e acessível. Penso que seja um problema real; eu, pelo menos, conheço casos que se encaixam como uma luva nos exemplos que ela dá, e quem nos segue, com certeza, vai poder identificar outros tantos.


“Gerindo a Negação, por Danna Korn

Já todos ouviram a piada que diz que "a negação não é um rio no Egipto*." Não, não é. O que é, no entanto, é uma questão muito real para muitas, se não a maioria, das pessoas que foram diagnosticadas com a doença celíaca ou sensibilidade ao glúten. Há dois tipos de negação: a primeira afecta-nos, enquanto o outro tipo afecta aqueles ao nosso redor.

Quando estamos em negação
Muitas pessoas que são diagnosticadas, ou quando os seus filhos o são, passam por algum tipo de negação. Ela ocorre geralmente em momentos-chave após o diagnóstico e por algumas razões diferentes; aqui estão alguns exemplos:

1. Negação imediata: “o diagnóstico não está certo. . Não pode ser. Eu não conheço ninguém que tenha isso. Eu nem sequer sei o que é o glúten. Eu nunca ouvi falar de doença celíaca. Eu não tenho sintomas... Os meus sintomas são leves. É apenas intolerância à lactose, tenho a certeza. Eu não tenho diarreia, logo não posso ter isso. Estou acima do peso, e todos os celíacos são magros. Os meus resultados não foram conclusivos. Alguém deve ter cometido um erro.” Todos estes pensamentos podem ser sintomas de negação.

2. Algumas semanas após o início da dieta: “Eu não acho que o diagnóstico estava correcto”. Isto acontece quando a realidade de fazer a dieta para o resto da vida se torna mais óbvia. Um anjo (o bom, é claro) fica num ombro a sussurrar: "Tu sabes que precisas de ficar livre de glúten, aguenta, tu consegues! Mmmm, que queijo saboroso nesta tosta sem glúten”. O outro ombro é a casa do Diabo em negação: "Nem penses que vais para outro happy hour e pedes vinho e talos de aipo, enquanto todos os outros tipos estão a beber cerveja e a comer coisas fritas. Tu não tens intolerância nenhuma. Anda lá - uma cerveja apenas... E um pedaço de pizza. Não te vai magoar. Qual intolerância, qual quê... "Isto é realmente apenas um período de ambivalência, cheio de esperança que não sofra desta condição, inclinando-se para acreditar que não.

3. Zona de perigo: “Eu nunca tive isso”. O tipo mais perigoso de negação ocorre vários meses após o início da dieta, quando, de repente, você se apercebe que sente-se tão bem que nem se lembra da última vez em que se sentiu mal. É quando as pessoas, muitas vezes, pensam: "Eu sabia que só precisava de um pouco de tempo para superar esse vírus que tinha! Eu sinto-me óptimo. Aposto que nunca houve sequer algo de errado comigo. "

Quando os outros estão em negação
Depois, há o tipo de negação que os membros da nossa família e entes queridos expressam. Pergunte a quem é intolerante ao glúten ou tenha sido diagnosticado com doença celíaca se têm familiares que não querem ser testados, e, provavelmente, receberá um olhar surpreso, como se tivesse adivinhado a cor da roupa interior que está a vestir, e um "Sim, como soubeste?". Isto porque todos nós temos este tipo de pessoas na família. Bem, a maioria de nós. Porque é que é tão difícil para os nossos familiares acreditarem que podem ter isto? É, afinal, uma das doenças genéticas mais comuns e corre em famílias. No entanto, todos nós já ouvimos comentários como:

• “Não, eu não tenho isso” (Negação curta e grossa);
• “Eu acho que não preciso de ser testado” (Oh, claro, e isso porque...?!?);
• “Fui testado uma vez, e os testes foram negativos” (Lembre-se, uma vez negativo não significa sempre negativo, convém lembrar que há falsos negativos);
• “Eu fui testado, e os meus resultados foram inconclusivos, então acho que não tenho” (Inconclusivo pode ser um eufemismo para ligeiramente positivo);
• “Eu não tenho nenhum sintoma” (Oh, realmente? Existem cerca de 250 sintomas, e não tens NENHUM?);
• “Os meus sintomas não são realmente graves, posso viver com eles” (Assim sendo, vais esperar até que estejas realmente doente e sofras danos a longo prazo para começar a tentar melhorar a tua saúde?);
• “Eu não conseguiria fazer a dieta de qualquer maneira, logo nem me vou incomodar a ser testado” (Bem, aqui está um argumento racional).

Concluindo, eles não querem ter a doença celíaca, ou não querem desistir do glúten. Alguns dos seus familiares podem até se recusar a acreditar que você a tenha. Eu conheci muitas pessoas com doença celíaca que tinham sido acusadas ​​de serem hipocondríacas ou neuróticas.

O problema com a negação é que justifica o ingerir glúten. Quando você tem essa epifania e "percebe" que não tem a doença celíaca ou não precisa de fazer a dieta, começa a correr, não a andar, para a pastelaria mais próxima.

Resista à tentação. Se já está na dieta há algum tempo, aí sim, pode-se sentir excelente, mas é porque não está a comer trigo ou glúten, não apesar disso. O perigo de fazer experiências é que pode não obter qualquer reacção quando o faz, e então é provável que queira chegar à óbvia (quer dizer, "desejada") conclusão e confirmação de que nunca houve uma razão para fazer a dieta.

Se ainda se pergunta se há ou não uma razão médica para cortar o glúten da sua dieta, aqui estão algumas coisas que pode fazer para ajudar a clarificar as suas ideias:

• Seja devidamente testado.
• Obtenha uma segunda (ou terceira) opinião.
• Converse com outras pessoas que foram diagnosticadas com a mesma condição sobre os seus sintomas e os seus sentimentos de negação (provavelmente elas sorrirão e dirão: "Sim, eu também me senti assim a dada altura").
• Escreva: liste os seus sintomas, os sintomas da doença, e como se sente ao seguir a dieta. Às vezes, vê-lo por escrito, é a única prova que precisa.

A negação, por sinal, é um dos argumentos mais convincentes a favor da realização de testes de diagnóstico adequados. Se tiver um diagnóstico sólido, pode passar por uma fase de negação, mas que lhe irá parecer uma tontice, até mesmo para si.

Mas também deve ter em mente que, se tiver sido testado e os seus resultados foram inconclusivos ou negativos, pode precisar de considerar a repetição dos testes ou outras alternativas. Os testes têm mudado ao longo dos anos, e talvez os seus tenham sido feitos há muito tempo. Há também falsos negativos; esta condição pode ser accionada a qualquer momento da vida, logo só porque os testes foram negativos uma vez, não significa que vão ser negativos novamente. E, finalmente, há pessoas que tem os testes todos negativos, mas cuja saúde melhora dramaticamente com uma dieta livre de glúten. Vá-se lá entender.

Lembre-se, se se parece com um pato, anda como um pato e grasna como um pato, é mais provável que seja um pato, mesmo que você gostasse que fosse um pombo."

* Jogo de palavras entre DENIAL (Negação) e THE NILE (O Nilo)

2 comentários:

Raquel Benati disse...

Oi Lucene - Você conhece o livro em português da Dana - Vida sem glúten para leigos ? Aqui no Brasil tem - é da Editora Altabooks - embora seja uma experiência americana, o livro é muito interessante e tem um capítulo muito parecido com esse artigo que vc colocou hoje no blog.

Beijos brasileiros

Raquel / ACELBRA-RJ

Lucente disse...

Olá Raquel, obrigada pela dica, não conhecia. Sei apenas dos livros dela sobre as crianças celíacas.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...