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quinta-feira, 6 de junho de 2013

A história da Shannon

Porque nunca é demais lembrar dos efeitos que uma condição associada ao glúten pode exercer na fertilidade, o post de hoje é um testemunho recente de uma jovem americana chamada Shannon que sofre de abortos recorrentes cuja causa parece ser a doença celíaca. Do blog The Daily Diatribe.

"Faz quatro anos em Julho que eu e o meu marido nos casámos. Em Outubro de 2010, descobri que estava grávida. Estávamos muito satisfeitos. Várias semanas depois, abortei a 1 de dezembro de 2010. Eu pensei que o meu mundo tinha acabado. Nenhuma dor poderia ser pior do que aquilo.


Imagem do The Daily Diatribe

Continuámos a nossa jornada para nos tornarmos pais. Depois do meu aborto, o meu período ainda não tinha chegado. O meu ginecologista deu-me um medicamento para que este aparecesse. Mas umas vezes aparecia, outras não. Finalmente, após vários meses nisto, o médico disse para tomar também Clomid para me ajudar a engravidar e funcionou! Os meus ciclos eram tão irregulares que eu não tinha ideia de quando ovulava. Estávamos tão animados, mas com medo de outro aborto. Parece que tive de suster a respiração até ao fim do primeiro trimestre. Então, no dia de Acção de Graças, fiz a ecografia do segundo trimestre para certificar-me de que o bebé era saudável. Foi então que o técnico descobriu que ele não tinha um diafragma no seu lado esquerdo.

Em 6 de dezembro de 2011, fui para a minha primeira consulta no Hospital Infantil de Filadélfia. Estivemos lá 13 horas, e soubemos de um defeito de nascença possivelmente fatal que nunca nenhum de nós tinha ouvido falar antes. O meu filho tinha uma hérnia diafragmática congénita do lado esquerdo. Tinha uma hipótese de sobrevivência de 50%.

Foi-me dito para continuar grávida e divertir-me. Em 6 de abril de 2012 às 9:07, dei à luz um menino com 4,100 kgs e 54 centímetros, a quem demos o nome de Michael Thomas. O Michael não chorou ao nascer, ele não era capaz de o fazer. Os intestinos, estômago e parte do fígado estavam todos na sua cavidade torácica, devido à falta de diafragma. Foi levado para a UCI Neonatal e fui ter com ele uma hora mais tarde. Eu sabia que o prognóstico não era bom porque levaram-me a vê-lo de imediato após a minha cesariana.

Às 4h03, o Michael deixou-nos para estar com os anjos no céu.

Quando pensei que o meu aborto espontâneo no ano anterior tinha sido o fim do mundo, estava errada. Nenhuma dor se pode comparar à dor de perder um filho.

Vários meses depois de perder o Michael, o meu marido e eu começamos a consultar com um especialista em fertilidade dado que o meu ciclo menstrual nunca foi normal e precisava de alguém para nos ajudar. Tomei medicamentos de fertilidade em formato comprimido e passei dias a injectar-me com hormonas. Finalmente, depois de oito meses, no dia 1 de janeiro de 2013, tive um teste de gravidez positivo. Estava sob supervisão cerrada do meu especialista, mas apesar de o bebé ter uma pulsação forte, os meus níveis hormonais estavam a descer e a 6 de Fevereiro de 2013 tive outro aborto. Tristemente, este não foi tão emocionalmente doloroso como o primeiro ou como perder o meu filho.

Nessa altura, comecei a ficar mais vigilante com o que comia e com as minhas rotinas de exercícios. Perdi cerca de dez quilos num período de dois meses, e no dia anterior ao que teria sido o primeiro aniversário do Michael, tive um teste de gravidez positivo. Pensei que fosse uma bênção de Deus e do meu anjo bebé.

Voltei a estar sob constante supervisão do médico, mas sem sucesso. Cerca de duas semanas depois, abortei novamente. Foi nesse momento que o meu médico me mandou fazer um painel genético com análises sanguíneas. Dezoito frascos depois, tínhamos a esperança de obter alguns resultados. Esta semana recebi um telefonema dele a informar que, nos meus exames, os marcadores para a doença celíaca estavam muito altos. Fui a um gastrenterologista ontem e, após examinar as minhas análises, confirmou que estes eram, de facto, bastante elevados. Ele irá realizar uma endoscopia na segunda-feira para confirmar que tenho doença celíaca.

O que eu não sabia é que há uma forte ligação entre a doença celíaca e aborto/ infertilidade. Aparentemente, mesmo que eu nunca tenha estado fisicamente doente ou que tivesse sinais exteriores de uma questão com o glúten, os meus intestinos estariam tão danificados que o meu corpo não poderia absorver os nutrientes e passá-los para o feto, daí as perdas. Assim, estou a mudar a minha dieta, não só porque tem de ser (e, no fim, vou-me sentir muito melhor e mais saudável), eu estou a fazer isso com a perspectiva de poder ter um filho forte e saudável que vou conseguir segurar nos meus braços mais do que uma vez. Uma criança que chora e que me mantém acordada a noite toda. Uma criança que vai pintar a parede com os lápis. Uma criança que vai precisar de uma apoiante no seu primeiro jogo / claque / bailado. Uma criança que vai voltar para casa depois do primeiro encontro e ter vergonha de me dizer se tudo correu bem, mas, ao olhar para o seu rosto, saberei que ele deu o seu primeiro beijo. Uma criança que vai participar de um baile. Uma criança que eu vou ajudar a planear o casamento e acompanhar até ao altar. Uma criança que vai fazer de mim uma avó. Uma criança que vai ter que enterrar os seus pais, e não um pai a enterrar o seu filho novamente."

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